Provérbios 19:4
As riquezas multiplicam os amigos; mas,
ao pobre, o seu próprio amigo o deixa.
Dinheiro cria amigos! Sem dúvida
alguma! Os ricos sempre têm um séquito de amigos felizes e prestativos. Mas as
amizades são falsas, e os felizes e prestativos séquitos de amigos estão
somente preocupados consigo mesmos. Assim que o dinheiro acaba, os amigos da
bonança voam para longe, e o séquito desaparece. Até mesmo os vizinhos que se
mostravam prestativos evitam e rejeitam um homem pobre.
Alguns provérbios ensinam uma lição
óbvia. "Ensina a criança no caminho em que deve andar e quando ela já for
velha, não se apartará dele", não é difícil de entender. O valor do
provérbio é obtido quando se explora o significado completo a respeito do
treinamento adequado que lhe foi dada, a natureza da criança, o caminho que ele
deve seguir, e o que se pode considerar uma criança velha. A regra é bastante
clara, nós simplesmente buscamos os detalhes da regra.
Outros provérbios falam do resultado de
uma observação feita na vida. A lição só chega a ser sugerida e é o dever do
leitor encontrá-la. Em Provérbios há muitos provérbios assim e este é um deles.
Salomão afirmou o que viu a respeito dos efeitos do dinheiro sobre
relacionamentos, e é o nosso privilégio identificar a lição, que é uma
condenação de tais falsas prioridades.
A observação relatada por ele é
verdadeira. Os homens giram em torno daqueles que têm dinheiro, pois esperam
obter um pouco para si mesmos. A experiência de Salomão ensina sabedoria. Nós
conseguimos enxergar através das falsas palavras e ações de bajuladores, que se
insinuam junto aos ricos. Os números não nos impressionam, conhecendo que a
multidão é temporária - enquanto dura o dinheiro. Reconhecemos o poder do
suborno e temos uma visão preconceituosa de manias e popularidade financeira.
O amor ao dinheiro é a raiz de todo o
mal. Ele leva os homens a fazer amizades baseadas no benefício financeiro ao
invés do caráter. Estas não são verdadeiras amizades e sim relacionamentos de
ganância e avareza. Quando o dinheiro acaba, a amizade termina. Até mesmo
vizinhos que deveriam ter um sentido de dever uns para com os outros, evitará e
rejeitará aqueles que são pobres.
Salomão fez esta observação ao seu
filho por diversas vezes (Pv 14:20; 18:16; 19:6-7). Sendo filho de um rei rico,
sanguessugas aduladoras sempre o seguiam. Ele tinha que ser sábio e poder
enxergar através da fachada da amizade e medir o caráter deles. Homens de
princípio não se preocupam com dinheiro ou outras vantagens; eles estão ali
para o que der e vier (Pv 17:17). Reis e homens bem sucedidos precisam ter
caráter para poder sobreviver (Pv 25:4-5; Sl 101:1-8; 144:11-15).
Sucesso financeiro, por si só não é uma
medida precisa de um homem. Há fatores demais que contribuem para riquezas que
nada tem a ver com caráter ou habilidade. Existem tolos ricos e existem sábios
homens pobres. O tempo e a oportunidade acontecem para todos eles (Ec 9:11). Sê
instruído: um homem sábio pobre é muito superior a um rico tolo (Pv 19:1; 28:6;
Ec 4:13; 9:13-16).
Considere dois exemplos bíblicos de
como a riqueza afeta as amizades. Jó, tendo sido rico, reclamou de como os seus
mais íntimos amigos e familiares tinham-no abandonado na sua terrível pobreza e
dificuldades (Jó 19:8-19). Mas Jônatas, o príncipe de Israel, o maior exemplo
de um amigo, cedeu a sua alta posição e grandes riquezas para fazer amizade com
Davi, um pobre pastor de ovelhas (ISm 18:1-4; 20:30). Verdadeiras amizades não
são influenciadas, de forma alguma, pelas riquezas.
Não ame os outros por aquilo que possam
fazer por você. Jesus disse, "Quando deres um jantar ou uma ceia, não
convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos
ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado.
Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os
cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que
recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos
justos." (Lc 14:12-14) Meramente amando aqueles que o amam é um amor
pecaminoso (Lc 6:32-33).
O Senhor Jesus, Quem foi muito rico, se
tornou pobre para fazer amizade e salvar os infelizes atingidos pela pobreza,
para que se tornassem rico pela Sua pobreza (IICo 8:9)! Temos aqui uma amizade
desconhecida do homem natural! Aqui está o dom inefável do evangelho! Aqueles
que conhecem a Jesus Cristo facilmente se esgotarão servindo aqueles que não
podem pagá-los (IICo 12:15).
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